Percorrendo os passos do Fundador, em Bad Ems
Um schoenstattiano, da Suíça, resumiu assim o seu encontro com o Padre Kentenich: “Ele mostrou-nos o que significa, não ser mais você mesmo, mas seu uma luz da Luz. Esta Luz continua a brilhar sobre Schoenstatt e resplandece em cada lugar onde ele viveu, sofreu, pensou, lutou e rezou…”
Para descobrir esta Luz em Bad Ems, nas margens do rio Lahn, e deixá-la resplandecer em suas próprias vidas, na manhã do dia 2 de Fevereiro de 2019, um grupo de Casais da Obra das Famílias de Schoenstatt pôs-se a caminho para lá. A viagem fazia parte do, assim chamado, “Local de Ação – Fim de Semana”, que a Ir. M. Vernita Weiss oferece anualmente para os “Interessados em Kentenich” e que é sempre bem recebido.
Um segundo ponto luminoso culminante foi, neste encontro, o testemunho que o Padre Dr. Hans-Wener Unkel deu aos ouvintes sobre os seus encontros pessoais com o Fundador de Schoenstatt e que ressoou ainda no Domingo de manhã em calorosas conversas de grupos.
Neste relatório, gostaria de contar sobre a viagem a Bad Ems, que eu própria acompanhei e ajudei a configurar. Depois de uma celebração festiva, no Santuário Original, partimos – com neve – para as famosas termas, ao longo das margens do rio Lahn, que não fica muito longe de Schoenstatt.
1. Ponto de encontro: Prefeitura em Bad Ems
A estátua de Pedro e Paulo, ao lado da entrada, indicam que a Prefeitura servia originalmente para outra finalidade. Era o benquisto “Hospital de Maria”, construído e dirigido por muitos anos pelas Irmãs, da Escola “Heiligenstädter”. Quando as Irmãs, no final do século passado, tiveram que deixar o seu estabelecimento, o edifício foi assumido pela Associação Comunitária de Bad Ems. Exteriormente, a construção permaneceu como era antes. A Capela, na qual que o Padre Kentenich esteve, como certamente sabemos, pois existe aí uma placa comemorativa, foi transformada numa sala de reuniões para comunidade.
Padre Kentenich esteve duas vezes, como paciente, neste Hospital: 1914 e 1927.
Na 4ª feira de Cinzas, em 25 de fevereiro de 1914, Padre Kentenich é internado, como “candidato à morte”, no Hospital de Vallendar, porque a sua tuberculose pulmonar irrompera de novo. Daí, ele vem, em 21 de Março de 1914, ao Hospital de Maria, em Bad Ems, para mais tratamentos. Permanece aqui 4 semanas inteiras, até que por fim se restabeleceu e pode voltar a Schoenstatt, em 18 de Abril de 1914, um dia antes da fundação da Congregação Mariana.
O tempo de Quaresma, em 1914, foi um tempo difícil para os seminaristas, mas, eles sentem quão profundamente os seus corações estão vinculados com o Diretor Espiritual. Viver sem ele tornara-se inimaginável para eles. Além disso, nessas últimas semanas, tinha ainda muita coisa a ser feita para a Fundação da Congregação Mariana. Acima de tudo, a pergunta: poderiam eles fazer isso sozinhos – sem ele? Deus exige do Padre Kentenich nada menos do que um salto mortal. Na Crônica e mais tarde, frequentemente, ele repete que neste tempo esteve “quase morto”. Tem que colocar tudo, sem reservas, nas mãos de Deus, não só a sua própria pessoa, mas também a obra que reconhecera como tarefa dada por Deus. Afinal, se realizará – sem ele?
Padre Kentenich ousou este e ainda muitos outros saltos mortais na sua vida, porque confiava em Deus e na Mãe de Deus.
Detalhes sobre este tempo podem ler-se no artigo: Um “salto mortal” a caminho do 18 de Outubro de 1914 ( em Regnum 2014m Nº 3)
Em 1927, Padre Kentenich viaja pela segunda vez a Bad Ems, para recuperar de novo as forças. O trabalho mais uma vez superou as suas forças e seu estado de saúde não é o melhor. Mais ou menos de 19 de Junho a 8 de Julho, ele permanece de novo no Hospital de Maria. É deste tempo que existe uma correspondência entre ele e a Irmã M. Emilie Engel. Como ela precisava fazer uma pergunta ao Fundador, como seu Diretor Espiritual, quer visitá-lo em Bad-Ems. Porém, esta visita não se realiza. Por isso, ela escreve-lhe uma carta com a pergunta se ela poderia, no retiro que está fazendo em Schoenstatt, oferecer-se como holocausto, para que em Schoenstatt cresçam muitos santos?
Para sua grande surpresa, o Padre Kentenich interrompe a sua estada em Bad Ems. Para o dia 29 de Junho (solenidade de S. Pedro e S. Paulo), [1] volta inesperadamente a Schoenstatt e celebra no Santuário Original a Santa Missa. Na homilia, de modo velado, ele fala da intenção de Irmã M. Emilie.
Então, ela sente-se confirmada na sua aspiração: cheia de confiança, na Santa Missa, no Santuário Original, coloca a sua oferta nas mãos de Deus. Pode-se ler detalhes sobre isso nos dois livros, de Margareta Wolff, sobre a Irmã M. Emilie. (Meu sim é para sempre – biografia e fontes)
2. Ponto de Encontro: Estação em Bad Ems
Em 11 de Março de 1942, parte o trem que leva o Padre Kentenich de Coblença para Dachau, passando por Bad Ems. Como é um trem normal de passageiros, no qual o vagão com os prisioneiros tinha sido anexado, faz uma parada nesta pequena estação. Exatamente aqui, desce uma Irmã de Maria, que nem imaginava que durante toda a viagem, de Coblença até Bad Ems, tinha viajado no mesmo trem com o Padre Kentenich. Ela só ficará sabendo disso mais tarde e isto a comove profundamente.
É a Irmã M. Agape Hahn, superiora da grande casa de termas de Bad Ems, que logo no começo da guerra foi transformado em Hospital Militar. Naquela manhã, ela tinha ido comprar material para trabalhos manuais. Padre Kentenich, numa carta da prisão, tinha estimulado a Família de Schoenstatt a tomar realmente a sério a entrega total a Deus, nestes tempos difíceis, e não “juntar todos os cavalos do mundo” para desviar de novo, segundo a própria vontade, a carruagem da própria vida. Isto tocou profundamente o coração desta Irmã e das Irmãs da sua filial, no Hospital Militar. Então, resolveram construir uma carruagem, em cujo banco de cocheiro se senta, não mais o “pequeno eu”, mas sim a Santíssima Trindade. Este Símbolo deveria estar diante dos seus olhos, durante a quaresma, e estimulá-las à entrega total. A Irmã Agape, durante toda a sua vida, considera um grande presente, o fato de ter – mesmo sem saber – acompanhado um pouco o Padre Kentenich na sua viagem de trem para Dachau.
Há ainda outros acontecimentos na vida do Padre Kentenich, que, durante a sua permanência na prisão de Coblença e em Dachau, se relacionam com Bad Ems. Mas, não é possível contar tudo numa manhã. Por isso, vamos para a próxima Estação: a Capelinha, que fica logo atrás da estação do trem.
3. Ponto de Encontro: Capela Maria Rainha
Vem novamente um tempo de difícil de provação na história de Schoenstatt, que conduz mais uma vez o Padre Kentenich a Bad Ems. Agora, esta prova vem da própria Igreja, para qual o Padre Kentenich construiu a sua Obra.
Em 15 de Agosto de 1951, ele foi demitido pelo Santo Ofício do cargo de Diretor Geral das Irmãs de Maria. Mais tarde, deposto também de sua atividade como Diretor do Movimento de Schoenstatt. Em 22 de Outubro de 1951, ele tem que deixar Schoenstatt e pôr-se a caminho do exílio. Um visitador papal, o jesuíta Padre Sebastião Tromp, examina a Obra de Schoenstatt. De 15 de Agosto até 22 de Outubro de 1951, o Padre Tromp permanece em Schoenstatt. Porém, não a compreende no seu cerne e quer modificar algumas coisas. Como neste tempo o Visitador já não quer falar com o P. Kentenich, este afasta-se, nobremente, para outros locais, quando não tem compromissos marcados em Schoenstatt, por exemplo para Montabaur ou Ochtendung.
De 13 até 24 de Setembro de 1951, ele se encontra em Bad Ems. Como se inscreveu para um tratamento rápido, deve se hospedar numa pensão particular: em Villa Flora, que não fica longe da estação do trem. Durante este tempo, duas vezes por dia, ele visita a capela: de manhã, às 8 horas, celebra nela a Santa Missa e, à tarde, passa aqui um tempo em adoração silenciosa.
Quando Irmã M. Agape fica sabendo disso, muda imediatamente as suas férias de Coblença para Bad Ems, onde tem uma irmã casada, que mora perto de Villa Flora. Como, além disso, conhece bem Bad Ems, tem a possibilidade de ajudar o Padre Kentenich em muitas coisas. Participa de manhã, como acólita, na Santa Missa, e à tarde na sua oração silenciosa na capela. Também pode prestar-lhe bons serviços no tratamento da sua saúde. Vivencia sempre o Padre Kentenich como uma pessoa profundamente enraizada em Deus, cheio de confiança na sua Rainha e, ao mesmo tempo, totalmente feliz e dedicado aos outros.
4. Ponto de encontro: Villa Flora
Não foi por muito tempo que a Irmã M. Agape permaneceu a única participante na Santa Missa do Padre Kentenich, na Capela de Maria Rainha. Diariamente, vem cada vez mais Irmãs, individualmente ou em maior número, a Bad Ems para visitar o Fundador. O transporte ferroviário, de Coblença para Bad Ems, é tão bom, que as Irmãs já conseguem estar lá às 8 horas da manhã, para a Santa Missa na Capela.
No final, acompanham o Padre Kentenich, a pé, ao longo dos trilhos, do trem até sua pensão. Irmã M. Agape vai depressa a casa da sua irmã e traz, num cesto, café e louças para Villa Flora. Todas encontram um lugar no grande quarto do Padre Kentenich. Rapidamente a mesa é posta, pois, as Irmãs também trouxeram pão e frutas, de Schoenstatt, e assim pode-se começar um alegre café da manhã.
Assim, pouco e pouco, torna-se costume que se venha para Bad Ems, um grupo de Irmãs de manhã e outro à tarde. Estes dois grupos podem, depois, jantar com o Padre Kentenich, para qual as Irmãs trazem de novo pães e fruta de Schoenstatt e Irmã M. Agape providencia o chá e os talheres junto da sua irmã.
Algumas vezes, Padre Kentenich já espera as Irmãs na estação do trem, ou as acompanha de volta até lá. Os passeios com ele, ao longo dos trilhos do trem, são sempre tempos preciosos, em que o Padre Kentenich dialoga também individualmente com as Irmãs.
Mas, o principal motivo destas visitas a Bad Ems é: procurar caminhos, com o Padre Kentenich, para salvar a obra, neste tempo de provas por parte da Igreja, para que o carisma do Fundador, oferecido por Deus, possa permanecer fiel as origens. Sobretudo, as Irmãs de Maria, deviso a sua posição dirigentes, viajam para Bad Ems e aproveitam a possibilidade, que ainda lhes é permitida, de encontrar-se com o Fundador para reflexões importantes sobre propostas para a salvação da Obra de Schoenstatt.
Apesar da situação difícil, uma Irmã escreveu nos seus apontamentos, depois de uma visita em Bad Ems: Padre Kentenich tinha sempre uma “alegria impregnada de Sol”.
Um presente para terminar
Quando um grupo de Irmãs de Maria vai passear com o Padre Kentenich, ao longo dos trilhos do trem, Ir. M. Agape tem a feliz ideia de ir depressa comprar uma máquina fotográfica e tirar várias fotos com o Padre Kentenich.
Os casais ficaram muito contentes, quando, no final da visita aos passos do Fundador em Bad Ems, receberam como presente de despedida uma foto da Ir. M. Emilie e do P. Kentenich. Eles já conheciam essa foto, mas foi uma grande surpresa para eles, quando ouviram dizer que esta foto tinha sido feita, em 22 de Setembro de 1951, em Bad Ems.