Posso me apresentar? Trabalho há muito tempo na
Escola Fundamental de São Walburg,
em Eichstätt, na Alemanha.
Às vezes penso: talvez, este seja o único pátio escolar onde a Mãe de Deus olha diretamente para todas as crianças. Uma bela estátua dela foi colocada junto a hospedagem da Abadia Beneditina. A Abadia São Walburg e a Escola são unidos física e historicamente. Nós dirigimos uma escola na Baviera, da 2ª à 4ª série escolar e dou aulas para a 2a série e, pelos anos de trabalho, tenho algumas vivências inesquecíveis.
Partilho algumas:
– Dar aulas para uma classe de 30 alunos apresenta sérios desafios. Por outro lado, a origindalidade dos alunos me proporcionou muito crescimento. Na região de Neuburg/Schrobenhausen, os meus alunos eram de 13 locais diferentes, em parte de vilarejos bem pequenos, e eram impregnados pela cultura local. Como conseguia, por exemplo, o pequeno Stephan, da segunda série, já pular uma distância de 3 metros? Muito simples! Atrás da casa dele havia um lago, e ele, com grande esforço, o pulava junto com um seu amigo, igualmente esportivo. Um dia, de bicicleta, eu passei ao lado da casa dele, então, descobri esse fato e consegui decifrar essa pergunta do professor de ginásticas.
– Um tema singular é, quando os alunos da primeira série fazem a prova por escrito. Eles veem isso como outro exercício qualquer e que não precisam demonstrar o que eles sabem. Distribui as provas de matemática para meus alunos e, depois de uns tempos, descobri: Nossa! O Lukas não tem a folha da prova! Aproximei-me dele e pedi desculpas: “Eu não percebi você!” “Não”, respondeu o pequeno e fiquei admirada: “Mas, se eu não o esqueci, onde você deixou a sua folha com a prova?” Ele: “Está na minha mochila! Eu vou responder lá em casa!”
Não menos enigmática achei a seguinte observação: Nanu, Janine já estavam prontas com a prova. Mas, o que eles estão agora escrevendo? E porque Sebastian se senta ao lado delas, bem tranquilo e sem fazer nada? Sebastian responde: “É que as minhas amigas já acabaram a prova, então, eu dei a minha para elas responderem!”
– Interessante e muito difícil é também o trabalho religioso. O que será que as crianças levam consigo? Esta é a minha constante pergunta. Tenho uma Imagem Peregrina infanto-juvenil, da Mãe e Rainha de Schoenstatt, que visita as crianças. Uma delas, que de manhã, na aula, acompanhou bem atenciosa a oração, se alegrou, quando podia dirigir a oração da noite junto com os pais e, no final, recomendar à Mãe de Deus: “Mãe de Deus, eu te saúdo, saúda também a mim!” Mais tarde, os pais me disseram que isto os comoveu muito, e que, agora, isto faz parte da oração da noite, como uma forma de dizer o “boa noite” para a Mãe de Deus.
– Quando fiquei doente por uma semana e precisei faltar, a professora substituta se admirou com a forma pessoal e autônoma que as crianças do período matutino sabiam conduzir a oração. Elas explicaram para a professora que elas já sabiam o que e porque estavam rezando e, com orgulho, introduziram a professora substituta em suas orações. Quando retornei e a substituta me contou o quão seguras as crianças rezaram a oração da manhã. Notei também como elas estavam bem mais concentradas e dirigiam elas mesmas a oração.
-Alegra-me, especialmente, as crianças mulçumanas, que participam a seu modo, da oração da manhã, e também rezam com seu próprio rito. Isto é belo, pois, cria esse sentido para o viver e agir em comunidade.
– Antes do “dia de gratidão pela colheita”, perguntei-me aos meus alunos se eles podem ir cantar em um abrigo para idosos. As crianças tanto gostam de tocar e dançar e, provavelmente irão. Há dois asilos em Eichstätt e programo essas visitas para o período da manhã. Faz sempre bem para os idosos se encontrarem com as crianças. Já fomos lá, uma vez, no advento – antes do Natal – e pudemos causar alegria com cantos e coreografia com lamparinas. Agora, provavelmente, vamos visitar outro asilo. Em Eichstätt temos a vantagem que as crianças cantam, a várias vozes, no coral da Igreja. Causa muita alegria a elas, todas as atividades com músicas e instrumentos.
– Por fim, ainda mais uma experiência tocante. Em Eichstätt, existe a montanha Frauenberg. Quando fazemos um dia de caminhada ali, os alunos coletam, com cuidado, coisas da natureza, como exemplo, castanhas. Num determinado trecho, há uma caverna e lá as crianças deixam correr, sem limites, a sua fantasia. Quando a gente chega no monte Frauenberg, se depara com uma ermida da Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Aqui em Eichstätt há um senhor que teve seus pés se congelados e, porque quase não consegue andar, usa uma cadeira de rodas. Um dia, ao descermos da montanha, encontramo-nos com esse senhor, de mais ou menos 40 anos, que estava em sua cadeira de rodas. Mas o que ele fez? Ele havia colhido flores e as colocou em uma cestinha para coloca-las aos pés da Mãe de Deus, lá na ermida. Ele permaneceu ali, silenciosamente, e as crianças também observavam em silêncio. Ninguém deu um passo a mais. Em respeitosa distância elas o olhavam e esperaram até que esse senhor, muito conhecido por todas as crianças, continuasse o seu percurso, em sua cadeira de rodas. Quando chegamos na ermida, nós também rezamos em comum e se podia perceber como os alunos estavam emocionados com o que acabaram de vivenciar.