16.11.2021

O mistério de sua vida

Ir. M. Alessandra Sissa, Brasil

Refletindo sobre a história de nossa vida, nos deparamos ante um grande mistério!

Mistério escondido num plano repleto de emaranhamentos, fios que se unem nas alegrias e sofrimentos, num plano traçado pelas mãos paternais de Deus. Neste plano esconde o mistério da vida humana, que somente Ele conhece inteiramente e sabe decifrar todos os detalhes, desafios, permissões e sofrimentos.

Essa verdade se aplica plenamente ao nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, cujo nascimento celebramos hoje. Sua vida foi um grande mistério, uma história escrita pelas mãos de um Pai misericordioso. Deus a escreveu e o Pe. Kentenich se deixou guiar e seguiu cada palavra, cada aceno, respeitou cada vírgula e cada ponto. Ele não atrapalhou os planos de Deus, sempre se conformou com a sua vontade.

Ele nasceu com uma grande e sublime missão para este tempo! Deus mesmo lhe concedeu este legado que, ele foi descobrindo aos poucos, sempre aberto aos desejos e planos divinos. Os acontecimentos e permissões de Deus eram exigentes: Um desafio seguia a outro. Mas, ele nunca duvidou que fosse portador de uma grande missão para o tempo atual. Com muito tato, procurou entrar pelas frestas que a divina providência ia abrindo para ele. Jamais forçou uma situação e empurrou a porta, sempre se manteve ante ela, aguardando o momento certo em que o próprio Deus a abriria para ele.

Sua vida profundamente religiosa, entregue e doada, foi assinalada com a sorte dos grandes santos, cruz e sofrimento, sinal de distinção, de eleição e de provação. Nada o abalou nem mesmo a mais dura escuridão. Ele sabia descobrir que a luz divina o conduzia nos momentos de trevas.

Em seu programa de vida, no noviciado, escreveu algo que o caracterizou durante toda a sua vida:

“Deus é minha origem; Deus é minha meta – deve ser também a estrela condutora da minha vida, o centro de todos os ideais. Tudo passa, só nós permanecemos, ele, meu Criador e eu, sua criatura – os dois permanecem por toda a eternidade: unidos ou separados um do outro…”[i]

Pe. Kentenich viveu radicalmente esse seu programa. Deus sempre foi o seu fim último. Tudo o que ele realizou em sua vida tinha este selo indelével. Soube fazer de Deus o segredo e a força que o mantinha firme, em cada momento, não se deixando abalar e nem se perturbar, mesmo que, humanamente, tinha motivos para isso.

A missão que Deus lhe presenteou brotou e irrompeu justamente de uma lacuna profunda de sua vida: A ausência de pai lhe conferiu a missão de ser pai para muitos! “O anseio, nunca realizado, se sentir-se filho ante um pai e a rejeição por parte do próprio pai, que não quis conhecê-lo como filho, representa um grande sofrimento”[ii]

Este é o mistério profundo de sua vida, a missão de ser Pai para todos é resposta aos sofrimentos que experimentou em sua vida pessoal, tendo em vista prepará-lo para viver o seu carisma. Nada o abalou no cumprimento desta grandiosa missão.

Sua missão de ser Pai, um reflexo da paternidade divina para muitos, o levou a suportar com resiliência os 14 anos do exílio e o confirmou nesta missão. Ele estava convicto de que Deus a chamara para proporcionar a muitos a vivência de vínculo a um pai, o que ele mesmo não tivera. Pe. Kentenich seguiu em tudo o plano que Deus traçou para ele e experimentou em sua vida a sorte de profeta, também pelas incompreensões e injustiças que sofrera em sua vida.

Realmente temos um “Pai santo”! E justamente neste tempo, que sua imagem paterna é tão atacada, como suas filhas singelas e vigorosas, queremos seguir seus passos e anunciar sua paternidade, missão singular recebida do próprio Deus!

 

NOTA: No texto a expressão: santo é uma opinião particular. Não queremos com isto antecipar a decisão oficial da Igreja.
[i] Os anos ocultos – Dorothea M. Schlickmann – pag 155
[ii] Idem pág 122