03.10.2022

Um 15 de setembro especial – 2022

Ir. M. Elinor Grimm
Alemanha

“Por que você faz isso?”

Encontro com Padre Kentenich
no Campo de Concentração de Dachau – 2022

“Por que faz você isso?”  Assim, me perguntaram alguns estudantes no meio das ruas do Campo de Concentração. Em seguida continuam: “Podemos lhe perguntar isso? ” Eles eram jovens de uma escola paroquial, da região alta do norte da Alemanha. Pela Internet, consultei onde fica esse lugar e o objetivo da escola. Assim fiquei sabendo que a escola tem mais de mil anos e que está ativa ainda hoje.

Tentei dar uma resposta e perguntei-lhes o que exatamente eles queriam saber.  Às vezes, me perguntam, no decorrer das visitas, há quanto tempo eu faço isso, se não era difícil, mas, esses jovens querem saber: “Por que?” Ninguém ainda me havia feito essa pergunta. Fiquei feliz com a pergunta. Então, eu podia dizer algo sobre o nosso Fundador, porque ele é a principal razão pela qual guio estas visitas no Campo de Concentração de Dachau.

Expliquei-lhes que gosto de trabalhar com jovens, que nosso Fundador esteve neste campo de concentração. Que é muito bom que eu, como membro da Obra de Schoenstatt, posso ser guia nas visitas, que tenho um treinamento oficial para isso. Desta forma quero contribuir para que “nunca mais” aconteça!

Eles estavam muito interessados e abertos, sugeri para irmos brevemente à Igreja Evangélica, a caminho do crematório. Faço isso às vezes, porque posso apontar para a Cruz do Convento e rezarmos juntos a oração semanal pela paz e reconciliação. Como não conheço a opção religiosa dos estudantes, como de costume, deixei um breve momento de silêncio para reflexão e incentivei-os a pensarem naqueles que hoje são perseguidos, que estão sofrendo dificuldades…

Foi bem o percurso. Não tivemos sorte com o tempo, pois estava com muito vento e trovoada. Então, não foi surpresa que um aluno desistiu, no início, e um professor cuidou dele.

Depois disso, quando cheguei no meu carro, no estacionamento, encontrei-me novamente, “por acaso”, com o grupo, que estava esperando o ônibus. Aproveitei a oportunidade para dar-lhes, especialmente ao professor, que esteve em Dachau pela primeira vez, algum material informativo: panfleto do memorial do Padre Kentenich, entre outras coisas. Retornei para casa, com o coração alegre e grato, por essa bela experiência, justamente em um 15 de setembro.

Dias depois, lembrei que havia ainda algo importante para a “resposta” à pergunta: Há alguns anos, em 15 de setembro, fui admitida num curso de formação. Dois anos antes, em outubro, minha inscrição tinha sido negada, por haver muitos candidatos. É por isso que eu sempre vejo esse meu trabalho de guia como um presente do nosso Fundador. Posso assim seguir seus passos, os “vestígios de um santo”. Esta expressão é de uma senhora do grupo de mães, do Movimento de Schoenstatt e eu a acho muito acertada, especialmente em se tratando de Dachau.

Eu poderia relatar alguns encontros especiais aqui em Dachau neste verão. Destaco um deles.

Comemoração do 80º aniversário da morte do Padre Albert Eise.

Trabalhei com uma família da União de Famílias de Schoenstatt, para que isso acontecesse. Pode-se ler isso no site de Schoenstatt. Foi bom que os parentes dele participaram e não temeram a longa viagem. Fiquei feliz por ter entrado em contato com a jovem que, como aluna – agora aluna de uma escola de gramática de Freising, escreveu um artigo sobre o Padre Eise.

Uma experiência especial para mim, nesse final de semana, foram as conversas com

o filho mais velho de um sobrevivente,o prisioneiro

Dr. Eduard Pesendorfer,

Nas quais pude apresentar bastante tanto no Carmelo como no arquivo do Memorial, o que aprendi sobre ele, que era enfermeiro chefe na enfermaria. Acho isso tão valioso que deve ficar gravado numa página do Memorial. Espero que dê certo. Fiz a proposta e ele, o filho, que tem o mesmo nome e a mesma profissão do pai – “Dr. jur. Eduard Pesendorfer” – que escrevesse um artigo para o livro de memórias de Dachau: “Nomes em vez de números”.

Como algumas pessoas interessadas não podiam estar presentes, pois moram muito longe, Ir. Ingrid-Maria Krickl e eu decidimos fazer uma transmissão online. Esta Irmã, de Viena/Áustria, me ajudou várias vezes neste ano. Ficamos felizes que havia muitos participantes online, incluindo membro do Movimento de Schoenstatt, no exterior. O esforço valeu a pena.

Em novembro, queremos recomeçar com os projetos sobre o Padre Eise. Naquela época, ele foi levado ao campo de concentração, bem próximo do seu aniversário e onomástico. Seu amor a Maria e seu entusiasmo por Schoenstatt podem entusiasmar-nos também hoje!

Fotos: J. Kiess; Ir. M. Elinor