Há cerca de um ano, a comunidade das Irmãs na Roménia recebeu um bom reforço com a Ir. Marie-Gudrun. Numa entrevista já publicada, ela dá-nos uma visão de como se está a sair num outro país europeu.
Ir. Marie-Gudrun, o que a moveu interiormente a decidir pela Roménia e a vir para Timisoara, na Diocese com o mesmo nome?
Desde a minha substituição como Superiora Provincial rezava todos os dias pela Roménia, para que em breve fosse encontrada uma solução, em vista da fundação de uma filial. O futuro da Roménia moveu-me, portanto, interiormente e eu carreguei essa intenção como “um filho do meu coração“.
Por isso, a minha alegria foi grande quando, no início de 2019, surgiu a primeira filial com três Irmãs em Timisoara.
No início do verão do mesmo ano, o”„anjo do Senhor“ trouxe um novo “anúncio“ para mim. Foi a pergunta se eu poderia ir para a Roménia, para ajudar e apoiar as Irmãs em Timisoara. Apesar de toda a vinculação à Roménia, eu não tinha pensado numa missão concreta no local. Mas, lembrei-me novamente da “minha frase“:
“O mais importante é estar sempre onde Deus quer que estejamos“.
O nosso fundador, Padre Kentenich, disse certa vez a uma Irmã:
“A bênção de Deus chega até onde a senhora deve ir agora.“ Portanto, não ali, onde eu gostaria de permanecer, se não é vontade de Deus.
Embora para mim, dizer sim à vontade de Deus não fosse uma questão, houve sim um tempo de ponderação, dos prós e contras, acima de tudo tendo em conta a minha idade já avançada. O fator decisivo da minha decisão pela Roménia foi o facto de eu já ter uma relação com este país e de conhecer as Irmãs que aqui estão. Também o facto de que essas Irmãs se alegrariam com a minha vinda, motivou-me e tornou mais fácil dar esse passo.
Na Alemanha conheceu pessoas naturais de Banato e que emigraram? O que sabia sobre Banato, sobre Timisoara, antes de vir para cá?
Na Alemanha não tive qualquer experiência com pessoas naturais de Banato. Apenas sabia que, num bairro perto da minha cidade natal Schweinfurt viviam pessoas naturais de Banato ou Batschka. Elas mantiveram, em parte, as suas tradições da antiga pátria e eu tive a sensação de que a origem comum criou uma certa coesão.
Já está em Timisoara há um ano: Que experiências teve aqui no decurso deste ano?
Uma experiência muito positiva foi, logo no início da minha estadia, a vivência da bênção da casa. O facto de que o Bispo Diocesano, D. Josef Pal, e muitos sacerdotes terem participado, deu a impressão que esta casa terá um significado. A celebração litúrgica participada pelos membros do Movimento e o multilinguismo criaram a atmosfera de uma família de povos reunidos em torno de um ponto central.
Uma experiência especial foi-me “dada“ pela pandemia corona-vírus:
Pela primeira vez na vida tive a minha liberdade de movimento restringida. Devido à idade, porque foi prescrito oficialmente, só me era permitido sair durante duas horas – com comprovativo escrito. Felizmente há um pequeno jardim à volta da nossa casa, pelo menos alguma natureza no mar de casas. Durante este tempo pudemos experimentar a nossa capela da casa como um grande presente. Ela é o centro espiritual da nossa casa, um oásis. Aqui começamos e terminamos o nosso dia. Aqui, perante o Senhor e a Sua Santa Mãe, trazemos os nossos pedidos de oração e as preocupações de muitas pessoas. Aqui encontramos a paz e proteção. O facto de termos uma Santa Missa quase diariamente durante as semanas do tempo do corona-vírus, quando não era possível ter celebrações nas Igrejas, foi um presente que nos foi dado pelo bom Deus.
Como comunidade utilizámos estas semanas de restrições de contato externo para atividades criativas em casa e no jardim, e tivemos muita alegria com isso.
Durante este tempo também me ocupei com a língua romena. Para este fim, disponibilizou-se uma senhora solteira reformada. As aulas foram dadas pelo telefone e continuaram nos meses seguintes. Sempre de novo, eu noto que não é fácil aprender uma língua estrangeira numa idade avançada. Admiro a paciência da minha “professora“. Mas isto também desperta a compreensão para as Irmãs ou outras pessoas, que tiveram que aprender a língua alemã. O que me motivou para aprender o romeno, pelo menos a iniciação, é a experiência que faço sempre de novo na vida diária: frequentemente fica-se desamparado quando não se consegue fazer-se entender, por exemplo quando se fazem compras, nas conversas etc. Isto aprofunda o reconhecimento: Quando estou num país estrangeiro, devo pelo menos tentar compreender linguisticamente as pessoas daí. Por vezes palavras simples de saudação, como um “por favor“, um “obrigado“, ajudam a estabelecer um contato amigável.
Como conclusão das minhas experiências, posso dizer que a minha permanência na Roménia neste primeiro ano me presenteou uma certa amplitude do meu horizonte de vida e que o envelhecimento pode ter oportunidades para novas perspectivas, nova alegria de viver e ainda um certo toque de jovialidade. Também é bonito poder realizar uma tarefa que contribui para algo crescer, interior e exteriormente. Estou grata por poder ajudar, com as minhas forças, para que o Movimento de Schoenstatt na Roménia se torne uma benção para a Diocese de Timisoara e para todo o país.
Como experimenta o multilinguismo da Diocese de Timisoara e a pluralidade de etnias, povos e tradições do nosso bispado?
O multilinguismo dá à diocese uma vivacidade e diversidade. Na verdade, este é um “modelo“, um exemplo para a Europa. Onde as pessoas são capazes de se entenderem em várias línguas, resulta um melhor relacionamento uns com os outros, cresce a compreensão mútua e isto tem um impacto cultural. Tolera-se mais facilmente um ao outro e valoriza-se a diferença. As diferentes tradições complementam-se e permitem descobrir os “tesouros“ dos outros.
Muito obrigado, Ir. Marie-Gudrun!